4 anos sem namorar.
Mas, não me sinto encalhado e nem me considero.
Estou, na verdade, reservado! E, no sentido literal da palavra.
Não... não é uma outra forma de chamar uma mesma situação não...
Eu me dei a este direito de reservar-me...
Até porque o encalhado não possui pretendentes – e, modéstia parte, este não é o meu caso!
Reservei-me!
Reservei-me ao direito de me dedicar, durante este tempo, ao meu estudo – e o fiz com presteza e louvor.
Reservei-me ao direito de cuidar das coisas de Deus – e este, eu tento... com todo o carinho.
Reservei-me ao direito de me encher única e exclusivamente do Amor de Deus que me domina e consola.
Aliás, acredito que quanto mais uma pessoa se abandona ao Amor de Deus, mais difícil se torna encontrar uma “cara metade”, uma “tampa pra panela”, uma “ajuda adequada”... porque a pessoa experimenta com tamanha profundidade um amor perfeito e desinteressado da parte de Deus, que todos os demais amores não se tornam mais tão atrativos quanto antes. Pois, o Amor Perfeito é infinitamente melhor que nossos amores falhos.
Mas, enfim, reservei-me ao direito de discernir o que será de minha vocação – quem sabe eu ainda ingresse a receber o sacramento da Ordem ou, quem sabe, eu me decida de vez pelo Matrimônio. Tudo a seu tempo... e não é minha intenção decidir isto neste momento da minha vida.
Eu sei que você começou a ler este artigo por seu título sugestivo, mas quero dizer-lhe que este jovem ENCALHADO NÃO SOU EU!
Porque eu acredito sim que possam haver jovens encalhados pela vida...
E sei também que os jovens que permanecem solteiros por muito tempo sofrem piadinhas e recebem este título – e, muitas vezes, sem méritos para tal, visto que ele se deu este direito (como eu!).
Mas, quero dizer que trata-se de um jovem que namora.
É... isso mesmo... o jovem ENCALHADO é um jovem que namora!
Sim... namora já há algum tempo...
No começo, tudo era lindo e maravilhoso... “mar de rosas” sem conhecer ainda os espinhos...
Mas, o tempo foi se encarregando de revelá-los (sim, os espinhos!).
E, o encanto inicial deixou de existir. Passou a conviver com as decepções.
No início, superava-as. Hoje, já não consegue mais.
Este jovem acostumou-se a namorar... já não vive sem a namorada mais... não quer “largar”.
... mas também não se sente atraído a dar novos passos – não quer casar, por enquanto.
É sempre uma desculpa nova... primeiro, o estudo. Depois, o emprego. Depois, a casa. Depois, as coisas da casa. Depois (ou quem sabe, bem antes), os pais. E assim vai... desculpas novas para decisões antigas.
O fato é que ele se acostumou.
E o amor deu espaço à rotina.
E o amor – aquele tal sujeito que a gente sente no começo – não se transformou em decisão.
É... o amor é assim... no início, é sentimento... depois, é decisão! – e que o diga os casados há muito tempo... quantas decepções, raivas e ressentimentos... quanta vezes bateu a vontade de “chutar o pau da barraca”, de “jogar tudo para o ar”... momentos que foram superados pela força de suas decisões e que os mantêm juntos, até hoje!
E este jovem não ama mais... ou ama, mas não tem tanta certeza se o inverso é válido.
Ora acredita, ora desconfia... ora já tem certeza de que não há mais nada.
Antes, eles rezavam juntos, iam à missa, ao GOU, conversavam... brincavam...
Hoje, namoro “em braile” (apenas apalpam) e só... e olha lá ainda...
É... e os solteiros que são chamados de encalhados ainda...
Mas, os solteiros tem para onde ir... podem desestagnar-se com maior facilidade...
Mas, aqueles que estão presos na rotina de um relacionamento... ah... esses sim precisam de ajuda para desencalhar desta situação que não os permitem mover-se.
Namoro serve para isso: conhecer-se.
Já diria o amado Padre Léo: um bom casamento é fruto de um bom noivado. Um bom noivado é fruto de um bom namoro, que é fruto de uma boa paquera, que é fruto de uma boa amizade. Mas... quando se passa à fase seguinte, não se pode deixar de viver as anteriores.
Portanto, se no seu namoro já não existe uma boa paquera e uma boa amizade, “a vaca já foi pro brejo”, “tá encalhada”... ou desencalha, ou sacrifica!
E isto não é uma crítica... é uma crônica!
Apenas para servir de objeto a abrir-lhe os olhos (ou não).
Pois bem, Juvenal*, sua história (com h) está aqui. Resta você decidir a hora de desencalhar.
Mas, pense bem... porque se o lamaçal for muito grande em todos os lados, será preciso sacrificar. Ou, se o lamaçal for muito maior à frente, será preciso voltar...
... e é aí que a “porca torce o rabo”!
*Juvenal é um nome fictício, porque o agente desta crônica – amigo de faculdade – não gostaria que seu verdadeiro nome fosse revelado.