14 de setembro de 2011

2ª PARÁBOLA DA MISERICÓRDIA - por Santo Agostinho

Sermão de Santo Agostinho sobre o Filho Pródigo (Sermão 112A - sobre Lc 15, 11-32)

  “O patrimônio que o filho menor recebeu do Pai é a inteligência, a mente, a memória, o engenho e tudo o que Deus nos deu para que O conhecêssemos e Lhe déssemos culto. Tendo recebido este patrimônio, o filho menor "partiu para um país muito distante". Distância significa: o esquecimento de seu Criador. "Dissipou sua herança vivendo dissolutamente", isto é, consumindo toda sua capacidade em luxúria, em ídolos, em todo tipo de desejos perversos.
   Não é de admirar que essa orgia acabasse em fome. Fome não de pão visível mas da verdade invisível.
   À margem de Deus, por entregar-se a seus próprios recursos, foi submetido à servidão e lhe tocou o ofício de apascentar porcos, o que significa a servidão mais extrema e imunda que costuma alegrar os demônios.
   Alimentava-se então das lavagens de porcos sem poder saciar-se. Lavagens são as vistosas doutrinas do mundo: servem para ostentar mas não para sustentar; alimento digno para porcos, mas não para homens.
   Até que, por fim, tomou consciência do lugar em que tinha caído; do quanto tinha perdido; Quem tinha ofendido e a quem se tinha submetido.
   Reparai no que diz o Evangelho: "Entrando em si..."; primeiramente, voltou-se para si e só assim pôde voltar para o pai. Dizia talvez: "O meu coração me abandonou (isto é: saí de mim mesmo)" (Sl 40,13); daí que fosse necessário, antes, voltar para si mesmo e assim perceber que se encontrava longe do pai. É o que diz a Escritura quando increpa a alguns, dizendo: "Voltai, pecadores, ao coração! (isto é: voltai, pecadores, a vós mesmos!)" (Is 46,8). Voltando para si mesmo, encontrou-se miserável: "Encontrei, diz ele, a tribulação e a dor e invoquei o nome do Senhor" (Sl 116,3-4). "Quantos empregados, diz ele, há na casa de meu pai, que têm pão em abundância, e eu, aqui, a morrer de fome!" (...)
   Levantou-se e voltou. Ele, caído por terra depois de contínuos tropeços. O pai o vê ao longe e sai-lhe ao encontro. É dele que fala o Salmo: "Entendeste meus pensamentos de longe" (Sl 139,2). Que pensamentos? Aqueles que o filho tinha em seu interior. Ele ainda nada tinha dito, só pensava em dizer. O pai, porém, ouvia como se o filho já o estivesse dizendo.
   Por vezes, em meio a uma tribulação ou tentação, alguém pensa em orar, e, no próprio ato de pensar o que irá dizer a Deus na oração, considera que é filho e que, como tal, tem direito a reivindicar a misericórdia do Pai. Geralmente, Deus já o está atendendo quando ele diz estas coisas; e mesmo antes, quando as cogita, pois mesmo o pensamento não está oculto ao olhar de Deus. Quando o homem delibera orar, já lá está Aquele que lá estará quando ele começar a oração.
   Embora tivesse ainda somente a disposição de falar ao pai, cogitando em seu interior, o pai, que de longe já conhece essas cogitações, foi ao seu encontro.
   Que significa "ir ao encontro" senão antecipar-se pela misericórdia? E o pai ordena que o vistam com a primeira veste, aquela que Adão perdera ao pecar. Estas coisas Deus faz através de seus servos, isto é, os ministros da Igreja.
   Mandou também matar o bezerro cevado, isto é, que fosse admitido à mesa em que o alimento é Cristo morto. Mata-se o bezerro para todo aquele que, de longe, vem para a Igreja, na qual se prega a morte de Cristo e no Seu corpo o que vem é admitido. Mata-se o bezerro cevado porque o que se tinha perdido foi encontrado.”
   A partir deste sermão, voltemo-nos para nós mesmos para que, então, possamos voltar para Deus, nosso Pai, que nos espera ansiosamente e nos aguarda cheio de Misericórdia!

2 comentários:

Anônimo disse...

Seu blog é muito bom ...

Anônimo disse...

Bom dia...Thiago eu li o post novo que vc colocou da Parábola da Misericódia, Show de bola muito legal esta parábola mandou mt bem, como é bom saber que tenho um Deus que me ama e tem uma misericórdia infinita...

Valeu...

Cleiton Lara..