3 de setembro de 2010

Crônica de um jovem ENCALHADO #1

   4 anos sem namorar.
   Mas, não me sinto encalhado e nem me considero.
   Estou, na verdade, reservado! E, no sentido literal da palavra.
   Não... não é uma outra forma de chamar uma mesma situação não...
   Eu me dei a este direito de reservar-me...
   Até porque o encalhado não possui pretendentes – e, modéstia parte, este não é o meu caso!
   Reservei-me!
   Reservei-me ao direito de me dedicar, durante este tempo, ao meu estudo – e o fiz com presteza e louvor.
   Reservei-me ao direito de cuidar das coisas de Deus – e este, eu tento... com todo o carinho.
   Reservei-me ao direito de me encher única e exclusivamente do Amor de Deus que me domina e consola.
   Aliás, acredito que quanto mais uma pessoa se abandona ao Amor de Deus, mais difícil se torna encontrar uma “cara metade”, uma “tampa pra panela”, uma “ajuda adequada”... porque a pessoa experimenta com tamanha profundidade um amor perfeito e desinteressado da parte de Deus, que todos os demais amores não se tornam mais tão atrativos quanto antes. Pois, o Amor Perfeito é infinitamente melhor que nossos amores falhos.
   Mas, enfim, reservei-me ao direito de discernir o que será de minha vocação – quem sabe eu ainda ingresse a receber o sacramento da Ordem ou, quem sabe, eu me decida de vez pelo Matrimônio. Tudo a seu tempo... e não é minha intenção decidir isto neste momento da minha vida.
   Eu sei que você começou a ler este artigo por seu título sugestivo, mas quero dizer-lhe que este jovem ENCALHADO NÃO SOU EU!
   Porque eu acredito sim que possam haver jovens encalhados pela vida...
   E sei também que os jovens que permanecem solteiros por muito tempo sofrem piadinhas e recebem este título – e, muitas vezes, sem méritos para tal, visto que ele se deu este direito (como eu!).
   Mas, quero dizer que trata-se de um jovem que namora.
   É... isso mesmo... o jovem ENCALHADO é um jovem que namora!
   Sim... namora já há algum tempo...
   No começo, tudo era lindo e maravilhoso... “mar de rosas” sem conhecer ainda os espinhos...
   Mas, o tempo foi se encarregando de revelá-los (sim, os espinhos!).
   E, o encanto inicial deixou de existir. Passou a conviver com as decepções.
   No início, superava-as. Hoje, já não consegue mais.
   Este jovem acostumou-se a namorar... já não vive sem a namorada mais... não quer “largar”.
   ... mas também não se sente atraído a dar novos passos – não quer casar, por enquanto.
   É sempre uma desculpa nova... primeiro, o estudo. Depois, o emprego. Depois, a casa. Depois, as coisas da casa. Depois (ou quem sabe, bem antes), os pais. E assim vai... desculpas novas para decisões antigas.
   O fato é que ele se acostumou.
   E o amor deu espaço à rotina.
   E o amor – aquele tal sujeito que a gente sente no começo – não se transformou em decisão.
   É... o amor é assim... no início, é sentimento... depois, é decisão! – e que o diga os casados há muito tempo... quantas decepções, raivas e ressentimentos... quanta vezes bateu a vontade de “chutar o pau da barraca”, de “jogar tudo para o ar”... momentos que foram superados pela força de suas decisões e que os mantêm juntos, até hoje!
   E este jovem não ama mais... ou ama, mas não tem tanta certeza se o inverso é válido.
   Ora acredita, ora desconfia... ora já tem certeza de que não há mais nada.
   Antes, eles rezavam juntos, iam à missa, ao GOU, conversavam... brincavam...
   Hoje, namoro “em braile” (apenas apalpam) e só... e olha lá ainda...
   É... e os solteiros que são chamados de encalhados ainda...
   Mas, os solteiros tem para onde ir... podem desestagnar-se com maior facilidade...
  Mas, aqueles que estão presos na rotina de um relacionamento... ah... esses sim precisam de ajuda para desencalhar desta situação que não os permitem mover-se.
   Namoro serve para isso: conhecer-se.
   Já diria o amado Padre Léo: um bom casamento é fruto de um bom noivado. Um bom noivado é fruto de um bom namoro, que é fruto de uma boa paquera, que é fruto de uma boa amizade. Mas... quando se passa à fase seguinte, não se pode deixar de viver as anteriores.
   Portanto, se no seu namoro já não existe uma boa paquera e uma boa amizade, “a vaca já foi pro brejo”, “tá encalhada”... ou desencalha, ou sacrifica!
   E isto não é uma crítica... é uma crônica!
   Apenas para servir de objeto a abrir-lhe os olhos (ou não).
   Pois bem, Juvenal*, sua história (com h) está aqui. Resta você decidir a hora de desencalhar.
   Mas, pense bem... porque se o lamaçal for muito grande em todos os lados, será preciso sacrificar. Ou, se o lamaçal for muito maior à frente, será preciso voltar...
   ... e é aí que a “porca torce o rabo”!

*Juvenal é um nome fictício, porque o agente desta crônica – amigo de faculdade – não gostaria que seu verdadeiro nome fosse revelado.

Um comentário:

Gustavo Figueira disse...

É Thiago, antes de ser "namorado" você deve ser "amigo"...

Até pq, se vc quer dividir os seus dias com uma pessoa, vc deve ter companheirismo e respeito, que são cultivados com a amizade.

O amor mostra se essa amizade suporta dividir todos os sentimentos, os bens, os dias, o mesmo quarto, a mesma casa...

"Namoro serve para isso: conhecer-se."