Vida que é marcada por
grandes mudanças, pois os meios de comunicação de massa com sua a repercussão
global têm manipulado a vida do homem. Buscamos o sentido da vida. Mas, tamanha
busca não se remete apenas em nosso tempo. No tempo de Jesus, essa busca também
era frequente; vemos isso no episódio do jovem rico: “Jesus saiu caminhando,
quando veio alguém correndo, caiu de joelhos diante dele e perguntou: “Bom
Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?”...” (Marcos 10, 17). Corremos
atrás do sentido da vida, mas, quando nos deparamos com Ele, ofuscamos o olhar
para não seguir o que nos é exigido; procuramos um modo fácil para obter
respostas, entrando, assim, em uma crise de existência.
João Paulo II, em sua
encíclica Jesus Cristo Redentor, dos
Homens, mostra-nos que umas das crises do homem, hoje, se não a maior, é a
busca pelo sentido da vida. No documento de Aparecida, a afirmação do Beato
João Paulo II toma força, revelando que a maioria dos meios de comunicação de
massa nos apresenta uma nova imagem da vida, levando o homem a sua crise. O meio
de comunicação leva cada pessoa a viver um mundo cheio de fantasia, ou seja,
vive-se por viver, sem um sentido, sem saber para onde se vai. Depositamos
nossas esperanças nos meios de comunicação para localizar o sentido da vida;
buscamos respostas rápidas e, quando não as encontramos, entramos em profunda
crise de existência.
Buscamos a transcendência;
buscamos respostas; buscamos o sentido de algo para alguma coisa. Esta busca abre
novos horizontes e a tradição cristã adquire renovados valores, quando a pessoa
se reconhece no Verbo encarnado. A comunidade cristã anuncia a verdade, a vida
para quem as busca: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos
com os nossos olhos, o que contemplamos e o que as nossas mãos apalparam da
Palavra da vida – vida esta que se manifestou, que nós vimos e testemunhamos,
vida eterna que a vós anunciamos, que estava junto do Pai e que se tornou
visível para nós...” (1 João 1, 1-2).O papa
Bento XVI nos revela que o homem
não pode viver sem a busca da verdade sobre si mesmo : o que sou, para que devo
viver. Essa verdade é que conduz e abre os horizontes, para ir mais além do
material. Como percebemos, este além da matéria é o próprio Cristo: o Cristo
rejeitado pelo jovem rico, o Cristo anunciado pela comunidade cristã. Jesus é o
verdadeiro homem, verdadeiro Deus e verdadeiro sentido da vida.
Jesus com sua vida
ensina aos apóstolos que o sentido de bem viver está em fazer a vontade do Pai.
Sua morte, como Filho de Deus, foi fonte de vida para todos. E para fazer a
vontade do Pai, temos que conhecer Jesus, pois é através Dele que conhecemos o
Pai, “Esta é a vida eterna: que conheçam a ti, o Deus único e verdadeiro, e a
Jesus Cristo, aquele que enviaste.” (João 17, 3); o sentido da vida começa em Jesus para realizar-se no Pai. “Eu vim para
que todos tenham vida, e a tenham em abundancia.” (João 10, 10). Assim, os
cristãos são convidados a ser discípulos e anunciadores da única fonte de vida,
Jesus Cristo.
Ser discípulo é
vocação, é dom dado por Deus. Quem se entrega à comunidade cristã, tem o aprendizado
gradual no conhecimento, no amor e no seguimento de Cristo. Assim se tece a
identidade do homem, do cristão que acompanha a busca do sentido da vida, o
Filho de Deus. Este seguimento exige nova atitude; diferente daquela do mundo
global da tecnologia e da informação vazia, exige nova atitude pastoral, novo anúncio da Boa-Nova da vida, a começar
pelos bispos, padres, diáconos, pessoas consagradas e agentes de pastoral e, de
modo muito especial, os jovens.
A Boa-Nova da Vida,
Jesus Cristo, tem destinação universal; alcança a todos os povos. A Igreja, por
revelação de Deus e pela experiência humana da Fé, sabe que Jesus Cristo é a
resposta total, inesgotável e satisfatória às perguntas humanas sobre a verdade
e sobre o sentido da vida. “Jesus respondeu: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a
Vida, ninguém vai ao Pai senão por mim”.” (João 14, 6).
Os Jovens que buscam a
Deus são sensíveis à descoberta de sua vocação, dispõem-se a ser discípulos de
Cristo, a ser sentinelas do manhã, comprometendo-se com o anúncio e com a
reforma de um mundo novo, construindo na luz da vida, no plano de Deus. Em sua
procura pelo sentido da vida são capazes de descobrir o chamado particular que Jesus
lhes faz. Como discípulos missionários, as novas gerações cristãs são chamadas
a transmitir, a seus irmãos, sem distinção, a corrente de vida que procede de
Cristo e a compartilhá-la em comunidade, construindo a Igreja e uma sociedade
sem crise de existência.
Contudo, observemos que
o verdadeiro sentido da vida está em Cristo, que está com o Pai, e em fazer a
vontade do Pai, realizando nossa vocação. Se assim procedermos, poderemos dizer
como Paulo: “Para mim, de fato, o viver é Cristo...”(Filipenses 1, 21).
Deixamos de lado as tecnologias e a globalização, para compreendermos a vida. Mergulhemos
em Cristo, sem medo da exigência como um verdadeiro cristão. O Papa Bento XVI
nos mostra que os dados científicos e os instrumentos tecnológicos não podem
substituir o mundo da vida, os horizontes do significado e da liberdade, a
riqueza das relações de amizade e de amor que se dá em Deus.
Charles dos Reis
Seminarista da Diocese de São Carlos/SP
charlesdosreis@ymail.com
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